quinta-feira, 17 de julho de 2014

O mistério da Tumba perdida de Alexandre


Felizmente a história nos recheia de conteúdo sobre a vida e trajetória desse gênio militar, nos mostrando suas conquistas e vitórias, porém, a história parece não terminar com sua biografia, ainda deixando uma série de interrogações quanto ao legado pós-morte de Alexandre o Grande.

De todas as suas conquistas, nada foi tão grande, misterioso ou enigmático quanto à jornada que Alexandre empreendeu rumo ao Egito.

Alexandre atravessou o deserto ocidental egípcio no século 4 aC, e tal deserto compreende uma faixa que vai do Vale do Nilo até a fronteira com a Líbia, são quase 600 km, e se é difícil de atravessa-lo hoje, era ainda pior quando Alexandre o atravessou conduzindo seus homens 400 anos antes de Cristo.
Tal travessia era mitificada na época como intransponível, pois alguns anos antes da chegada de Alexandre, uma tempestade de areia destruiu um exército de milhares de Persas, nenhuma gota de chuva caía ali, era uma travessia quase impossível, e fato este que tornou o feito de Alexandre ainda mais glorioso, e até lendário.

Alexandre por fim chegou ao Egito em 332aC, se deparando com uma nação humilhada, o Egito estava sob controle do exército Persa, e quando Alexandre expulsou os invasores, todo o Egito o saudou como libertador, e a poderosa classe de sacerdotes que sobreviveu ao domínio Persa rapidamente lhe deu apoio.
Alexandre havia entrado no Egito praticamente sem usar violência, a população se rendeu às suas exigências, Alexandre já havia conquistado 80% do mundo conhecido, já havia se consolidado como um gênio militar, e, ao entrar no Egito ele permitiu que a elite permanecesse no poder, porém, em troca pediu devoção e lealdade ao seu reino.



Alexandre então, procurou se consolidar como semideus, exatamente como os Faraós ali foram considerados antes dele, ele então foi a Karnak, que era o centro do político e religioso do Egito, e lá, de modo astuto, buscou fazer o mesmo que outros grandes líderes egípcios fizeram antes dele, como Tutancâmon, Amenhotep III ou Ramsés II, ele escreveu seu nome em templos em Karnak, e com isso, ele se inseria na tradição dos faraós egípcios, e alegava sua legitimidade como faraó tendo para si a sucessão do trono egípcio.

Naquele momento, Alexandre se associava ao faraó Tutmés III, que havia sido um grande general militar muito respeitado e venerado no Egito, foi tamanha a importância dele que hoje os historiadores chamam Tutmés III como “Napoleão do Egito”, Alexandre se associara como predecessor de Tutmés, e mais que isso, ele via Tutmés como seu ancestral espiritual.

Alexandre não somente reivindicava a história egípcia para si, mas como também a coroa egípcia, ele se declarou posteriormente ser o filho de Amon, se tornando assim um faraó legitimo aos olhos do povo, fazendo dele, o primeiro faraó não egípcio desde os primórdios da história do Egito, nos seus até então 3000 anos de história.

O leitor neste ponto tem a noção de como a passagem de Alexandre foi impactante no Egito e em sua história, então, vamos ao que importa, a parte do mistério!!!.

Todas essas estripulias de um Alexandre megalomaníaco durou apenas 6 meses no Egito, ele então partiu e nunca mais voltou, 8 anos depois e a milhares de quilômetros de distancia, na Babilônia, ele morreu de uma doença misteriosa, mas o vinculo que ele havia feito com o Egito não haveria se rompido.

O corpo de Alexandre se tornou uma arma simbólica, seu poder era tanto que quem tivesse seu corpo, teria consigo o direito de governar todo o império deixado por ele, isso desencadeou então um dos maiores mistérios da arqueologia, pois um rei tão importante como Alexandre, que conquistara 80% do mundo conhecido não poderia ter seus restos mortais sumidos do mapa.


Evidências

Vários generais de Alexandre começaram uma disputa por seu corpo, pois como disse, quem tivesse posse de seu corpo, poderia trazer para si a justificativa de serem os sucessores naturais de Alexandre.

Porém, Alexandre havia indicado um sucessor, o general Pérdicas foi encarregado de enterrar o rei morto, mas nunca teve a chance de fazê-lo, outro general chamado Ptolemeu, (esse que por sua vez era mais, digamos que “brother” de Alexandre), percebeu que o corpo de Alexandre tinha um enorme valor simbólico, então ele mandou mumificar Alexandre e o roubou trazendo de volta para o Egito.

Não existe registros históricos sobre o que Pérdicas planejava fazer com o corpo de Alexandre, talvez ele trouxesse o corpo para ser sepultado no túmulo real da família de Alexandre, na Macedônia, mas ninguém saberá ao certo.

Ptolemeu, que ficara no lugar de Alexandre como faraó do Egito, havia arriscado tudo se apropriando do corpo de Alexandre, e , malandramente, usou o corpo de Alexandre para legitimar seu reinado no Egito.

Não demorou muito para Pérdicas descobrir que o corpo jazia no Egito, e travou então uma batalha com Ptolemeu às margens do Rio Nilo pelo corpo de Alexandre, o resultado disso foi a vitória de Ptolemeu e a consolidação total de seu reinado no Egito, forjando uma dinastia que governaria o Egito por 300 anos.
Essa seria a principal evidência de que o corpo de Alexandre estaria sepultado nas entranhas do Egito, mas se está, onde está sepultado??.

Vários estudiosos acreditam que se Ptolemeu tivesse enterrado Alexandre no Egito, o local mais provável seria no coração do império, na capital do Egito antigo, em Memphis, era lá que Ptolemeu teria enterrado, pois seria lá que o Ptolemeu queria que o corpo estivesse.

Memphis era a capital cultural do antigo Egito, e a mais importante necrópole de todo o reino, durante séculos os egípcios enterraram seus mortos num lugar em Memphis chamado de “Necrópole de Saqqara”,  e era para lá que se acreditam que Ptolemeu levou o corpo de Alexandre.

Ptolemeu teria uma ideia quase lógica, de enterrar Alexandre onde todos os primeiros faraós haviam sido enterrados, era do interesse de Ptolomeu fazer daquilo um grande evento, mostraria portanto que ele era o sucessor de Alexandre no Egito ao respeitar os ritos funerários do antigo Egito, assim ele mataria uma cacetada de coelhos com uma cajadada só.

Ai o leitor Pergunta: “Existe alguma prova disso tudo???”, ai eu respondo: “SIM”.

No século 19, um arqueólogo Frances chamado Auguste Mariette descobriu uma tumba disposta em semicírculo próximo ao santuário funerário do Serapeu, localizado em Saqqara, esse semicírculo por sua vez era adornado com diversas estátuas, que a princípio era notório que não eram deidades locais.







Tais estátuas, embora muito danificadas, uma coisa ficava evidente mesmo à uma análise apenas visual, elas eram gregas.
Mariette estudou minuciosamente as estátuas, e descobriu uma coisa curiosa, elas representavam filósofos gregos famosos, porém, elas foram confeccionadas com calcário do solo egípcio, o próprio Mariette não conseguiu elucidar essa questão, apenas recentemente os arqueólogos conseguiram uma explicação, que faz a conexão entre as estátuas estarem ali e serem feitas no Egito.



Elas não só fazem a fusão entre as culturas Grega e Egípcia, cada uma delas representa alguém que tinha uma ligação muito forte com Alexandre, como exemplo a estátua de Homero, que foi autor da Ilíada e da Odisseia, Alexandre via em Aquilles, o grande guerreiro de Homero como sua fonte inspiradora.



Outra estátua era de Píndaro, grande poeta grego, suas obras louvam os ancestrais de Alexandre, outro seria Platão, gigante de filosofia ocidental e também mentor de Aristóteles, que por sua vez foi tutor de Alexandre.

Tendo em vista tais fatos, arqueólogos mundo ah fora tem como ponto pacífico que Alexandre o Grande foi enterrado em Saqqara logo depois do seu falecimento, contudo, estamos longe do fim da história.


Outras Evidências..


Existem evidências de que se caso a tumba fosse mesmo encontrada em Saqqara, ela estaria vazia.
Um relato amplamente aceito descrito pelo Grego Porcinus, afirma que o corpo de Alexandre foi removido do local apenas 30 anos depois que Ptolemeu o depositou ali, ele foi levado para a cidade que Alexandre havia fundado e que levava seu nome, a próspera nova capital do Império Egípcio, Alexandria.

Alexandria foi fundada por Alexandre, mas foi construída por seu até então sucessor, Ptolemeu, e erigida como uma cidade grega no Egito, era o centro cultural, estratégico e econômico da recente erguida dinastia de Ptolemeu, em 280aC o filho de Ptolemeu, levou o corpo de Alexandre para Alexandria, e com isso, ele tornou Alexandria uma das cidades mais famosas da antiguidade.

Nessa época, todos sabiam onde ficava o tumulo de Alexandre, era uma das maiores atrações turísticas até então, existem relatos que “visitar a tumba dourada de Alexandre” era uma coisa quase que sacra, registros antigos dizem que até o século III dC sucessivos Imperadores Romanos visitaram a tumba na esperança de forjar algum tipo de conexão com o maior soberano que o mundo já conheceu.

No fim do século V dC o Império Romano caiu, como muitas outras coisas que foram mergulhadas na idade das trevas, a tumba desapareceu.
A Alexandria moderna guarda pouca semelhança com a que abrigou o corpo de Alexandre, séculos e séculos de reconstruções empurrarão a cidade antiga para metros abaixo da superfície, hoje a tumba está desaparecida a 1600 anos, lendas, meias verdades e até mentiras obscureceram o pouco que se sabe sobre ela.

O pequeno grande problema desse fator das verdades e mentiras sobre a tumba de Alexandre é que mesmo que alguém encontrasse a câmara funerária de Alexandre, como ela se pareceria?, pois Alexandre era sabidamente Grego, nascido na Macedônia, com ritos funerários e estilos arquitetônicos específicos, porém, havia sido primeiramente velado sob ritos funerários Egípcios, mumificado como um faraó, possivelmente num sarcófago faraônico.

Com essas questões em mente, os arqueólogos fizeram um estudo para desenhar um modelo de como seria o túmulo de Alexandre, com base nos enterros reais de sua terra natal.
Atualmente, a cidade grega de Vérgina situa-se onde era a antiga capital da Macedônia, e no ano 2000 foi encontrado um sepulcro macedônio do século IIIaC, da mesma época e estilo no qual era realizado no período correspondente ao de Alexandre.

Os arqueólogos acreditam que mesmo Alexandre tendo inicialmente sido velado sob ritos do Egito Antigo, ele após ser transferido para Alexandria teria sido depositado em um sepulcro no estilo grego, quiçá Macedônio, tendo em vista que toda a Alexandria havia sido erigida como uma cidade Grega no Egito.

Quando se haviam chegado em um consenso em relação de como se pareceria a tumba de Alexandre, houve uma reviravolta proposta pelo arqueólogo Edward Lewis, Lewis descobriu um complexo funerário típico do período no qual Alexandre estaria sepultado em Alexandria, onde salientava claramente a fusão entre a cultura Grega e Egipcia, esfinges egípcias ao lado de colunas dóricas gregas, em uma alusão à tumba em Vérgina, um afresco representa cavaleiros macedônios, e tudo isso numa tumba encontrada por Lewis em Alexandria.

Lewis acredita, por todas essas 
evidências que essa seria mais aceitável como parâmetro de semelhança com a tumba de Alexandre, até porque, os rastros de cores encontradas se assemelham tanto com os túmulos macedônios como os encontrados em Menphis.


Localização...

Segundo fontes, o corpo de Alexandre se localizava em um lugar chamado Soma, um recinto murado de enormes proporções, e estima-se que a localização desse Soma seria próximo ao centro de Alexandria, e ao se vasculhar sobre uma possível localização desse local, novamente se encontrou outro problema, não se haviam registros de nenhum monumento que mesclasse as culturas grega e egípcia, e sim um monumento que se assemelhava com o primeiro mausoléu que se tem notícia, que foi o Mausoléu de Halicarnasso, ele foi o mais célebre mausoléu da antiguidade, com 43 metros de altura e feito em mármore, era nesse estilo que os primeiros alexandrinos construíam seus monumentos, e é igual a esse que se tem notícia ter havido na região descrita como soma, no centro de Alexandria.



O Soma seria o Distrito Real de Alexandria, ali estava todos os túmulos dos Reis, como o túmulo de Ptolemeu, sua mãe e também o de Alexandre.







De todas as fontes que mencionam tal monumento, a mais aceita dentre a comunidade de arqueólogos são as fontes citadas pelo geógrafo grego Estrabão, ele foi testemunha ocular do que relatou ter visto em Alexandria no ano de 24aC, ele viu o monumento e o corpo de Alexandre.




Ai, o leitor já cansado de ler pensa, “nossa que bom, as evidências estão cada vez mais conclusivas”, ai eu respondo...: “SO QUE NÃO”, mesmo que pareçam extremamente fidedignas, as fontes de Estrabão não são as únicas, existem inúmeras fontes que apesar de não tão precisas ou detalhadas como as de Estrabão, igualmente afirmam terem visto o corpo de Alexandre, e divergem de Estrabão quanto a localização.

Por mais fascinante que seja, por mais misteriosa e absurda, a tumba do maior conquistador de todos os tempos sumiu de uma forma a não deixar rastros, e mesmo com o empenho de anos a finco de inúmeros arqueólogos de todo o mundo, a Tumba de Alexandre o Grande continua desaparecida, aguardando um dia ser encontrada, é quase certo afirmar que mesmo depois da queda de seu império, seu corpo tenha sido escondido, e venerado na clandestinidade como um símbolo de um semideus, que conquistou o mundo antigo.

Um comentário:

  1. Conforme um arqueólogo alemão, o Soma está enterrados sob a mesquita de Daniel,na cidade de Alexandria. Era local de veneração de todo imperador romano esolhido. Acredita-se que o último a ir até o Sopma prestar homenagens, foi Caracala.

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